Escritor Júlio Ribeiro
Breve estudo sobre o maçom, romancista e criador da bandeira do Estado de São PauloPublicada por Gosp
Publicada em 06/10/2022
Nascido em 16 de abril de 1845, na cidade de Sabará, Minas Gerais, Júlio César Ribeiro Vaughan foi um jornalista, filósofo e romancista brasileiro, conhecido não só por suas obras literárias, mas também por ser o criador da bandeira do Estado de São Paulo.
Ele era filho de George Washington Vaughan e Maria Francisca Ribeiro Vaughan, sua mãe era professora e o instruiu durante os estudos primários. Em 1862, Júlio mudou-se e foi estudar no Colégio Militar do Rio de Janeiro, porém seus estudos militares duraram apenas 3 anos, sendo interrompidos para que pudesse colocar em prática seus conhecimentos das línguas clássicas e modernas (grego e latim), dedicando-se ao jornalismo e ao ensino.
Em 29 de agosto de 1870, aos 25 anos, Júlio foi iniciado na Maçonaria, filiando-se à Loja América nº 189, no antigo GOBen-SP, hoje GOSP.
Durante o período da monarquia, Júlio foi aprovado em concurso para a Faculdade de Direito de São Paulo, ocupando a cadeira de latim como professor. Após a Proclamação da República, da qual foi defensor, foi professor de Retórica no Instituto de Ensino Secundário, em substituição do Barão de Loreto.
Apesar de ser um prolífico e respeitado professor, a área em que mais se destacou intelectualmente foi o jornalismo, tanto que durante sua carreira jornalística atuou como proprietário, diretor e colaborador de diversos jornais, como: O Sorocabano; A Procelária; O Rebate; Estado de S. Paulo; Diário Mercantil; Gazeta de Campinas; e Almanaque de São Paulo.
Nesses jornais, ele publicava seus estudos de filologia, arqueologia e erudição em geral. No entanto, era considerado um jornalista polêmico, por participar de certas polêmicas literárias e políticas, defendendo-se daqueles que o atacavam, em depoimento chegou a dizer: “Das polêmicas que feri, nenhuma foi provocada por mim: Não sei atacar, só sei me defender, só sei me vingar”.
Como romancista, foi adepto da corrente literária do naturalismo, obtendo grande sucesso com seu romance A Carne, publicado em 1888, com uma narrativa repleta de cenas explícitas, gerou grande controvérsia, ganhando ataques da crítica e também da Igreja Católica. No entanto, a polêmica contribuiu para seu êxito e, com esta obra, Júlio conquistou um lugar de respeito no principal grupo de romancistas de seu tempo.
Durante a sua carreira de escritor publicou muitas obras, entre as quais: o livro "Gramática Portuguesa" (1881), em que procura adaptar os pormenores da matriz lusitana às peculiaridades da língua falada no Brasil; o livro por correspondência Cartas Sertanejas (1885); e o romance em dois volumes intitulado O Padre Belchior de Freitas (1876-1877).
Em 16 de julho de 1888, enquanto fazia campanha pela República, Júlio lançou nas páginas de seu periódico "O Rebate" a proposta para a criação da bandeira do Estado de São Paulo. Descrevendo-o da seguinte forma: "(a bandeira) simboliza de modo perfeito a gênese do povo brasileiro, as três raças de que ela se compõe - branca, preta e vermelha. As quatro estrelas a rodear um globo, em que se vê o perfil geográfico do país, representam o Cruzeiro do Sul, a constelação indicadora da nossa latitude astral... Assim, pois, erga-se firme, palpite glorioso o Alvo-Negro Pendão do Cruzeiro!!!"
Em sua vida pessoal, Júlio Ribeiro foi casado com Belisaria Pinheiro Ribeiro e teve uma filha chamada Maria Júlia Pinheiro Ribeiro, que ao nascer foi batizada como Maria Francisca, mas teve seu nome alterado para Maria Júlia por sua mãe, após a morte de Júlio, em sua homenagem. Júlio Ribeiro faleceu no dia 1º de novembro de 1890, em decorrência de tuberculose, deixando um legado como um dos autores mais famosos do Brasil e do movimento naturalista. Por suas realizações, ele é patrono da cadeira nº 24 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do primeiro ocupante, Garcia Redondo.